Navegação ao Futuro - 7ª Exposição individual (Navigating the Future)


Esta exposição, realizada no ano do centenário da Cidade da Beira, é uma homenagem à esta urbe, onde nasci, cresci e decidi viver. Pretende ser um retrato do dia-a-dia, um espelho da sua identidade e diversidade cultural. «O halo misterioso da cidade da Beira sintetiza-se no seu duplo antagonismo: ternura e depressão. Uma ternura e depressão sedimentadas na antiguidade de muitos dos seus edifícios construídos de acordo com a herança inglesa, portuguesa e oriental. O antagonismo está latente na substância das águas que a envolvem, de um lado o rio Chiveve, do outro o Índico.

Sempre que posso renovo o meu enamoramento pela Beira lançando-me a partir do Cais Manarte através da baixa da cidade. Socorro-me da memória para convocar misteriosas viagens que os meus tios, irmãos e amigos faziam ao longo do leito do canal do rio Chiveve que terminava no Campo do Golf.

Há cidades magnéticas por fora e luminosas por dentro. E a Beira, com o perfume dos frangipanis, com os ímanes dos seus canais e das suas praias, é uma delas. Daqui tantas vezes parti e regressei.

Porque quis o destino que a Beira fosse uma “cidade do futuro”, que vivesse a expensas de adiadas esperas, como um nhamessuro, junto amuletos todos da terra, os pincéis, as cores e cá vou navegando do Estoril à Praia Nova, daqui à Cerámica. Deixo-me enfeitiçar pela maresia e pelos futuros seus fico-me.»